
São duas horas discutindo sobre uma relação da qual não quero mais fazer parte. Suas palavras, mesmo em alto e bom português, parecem não mais falar minha língua. Eu poderia muito bem gritar igualmente, se você não estivesse tão cega. Tenho um segredo pra lhe contar: seus heróis também tem defeitos, todos eles escondidos atrás do sorriso no comercial de teve a cabo. O ferimento em si nem dói tanto quanto ver sua intenção em me ferir. Palavras tão pequenas de quem parece não ter mais nada a perder, somente um fadário de coisas a dizer, sempre antes de pensar. Todos os seus gritos me deixam com a impressão de que estou sempre atrasado, ou pior, que já estive por aqui por tempo demais. Fico rouco diante de perdões formais, que dirá quando a solidão se manifesta tão necessária. A partir de hoje, só o que for muito, muito leve, bonito e fácil. A grande maioria desiste. Eu, só estou abrindo mão. Concordo contigo, também aconteceu comigo: o meu coração partiu. Para outro lugar. E não sei se você queria que eu lutasse ou não, mas agora tanto faz. Muitas pessoas ficaram pra trás, outras tantas deixei passar. Não sei de que lado você está. Mas. Bem. A vida segue, não sei como, mas é confortável pensar assim. São as estradas da vida. Só se pode seguir uma delas, sem nunca saber como seriam as outras. Acontece assim também com alguns amores. Apenas seguindo em frente, por mim e por nós dois. Sinto saudades, dói um pouco. Mas não sei o que dói mais. Quando acaba, quando sentimos que acabou, ou quando a gente precisa cair na real que acabou e já faz tempo.
- Gabito Nunes.